Fotografar eventos esportivos à noite é um enorme desafio para a maioria dos fotógrafos. A pouca luz existente ou, muitas vezes, a quase ausência dela nos obriga a fotografar em baixas velocidades e com grandes aberturas, o uso de flash nem sempre é possível e o foco acaba ficando lento e, muitas vezes, comprometido.
Todo esse conjunto de fatores, com os quais não estamos habituados, nos leva a colocar em prática todos os conhecimentos e técnicas que aprendemos e desenvolvemos ao longo do tempo.
Mesmo já carregando a experiência de já ter fotografado provas como StockCar, Fórmula E, Mercedes Challenge e outras categorias, essa foi minha primeira vez em uma prova noturna e de longa duração.
Ao longo do texto vou colocar algumas imagens com seus EXIF's para que vocês possam se inspirar. Todas as fotos foram feitas sem uso de flash, embora ele fosse permitido e sem o auxílio de monopé ou tripé.
Equipamentos utilizados: câmera CANON EOS 5D MARK IV e lentes CANON EF 17-40 4.0 e CANON EF 70-200 2.8
As imagens durante o dia foram captadas em JPEG ALTA e à noite em RAW.
Então, vou tentar passar para você um pouco do que foi, para mim, fotografar o GP DE SÃO PAULO MIL MILHAS CHEVROLET ABSOLUTA.
Chegar em Interlagos é como passar por um portal do tempo. Quando o portão principal se abre e passamos pelo “túnel” sob o início da reta principal as emoções e os sentimentos explodem. Afinal foi nesse asfalto que os maiores nomes do automobilismo nacional e mundial passaram.
Passando pelo “túnel” já temos a visão da pista, a nossa esquerda, e seguimos para o estacionamento que fica atrás da reta principal e ao lado da saída dos boxes, no “S do Senna”.
O briefing da Mil Milhas já foi algo um pouco diferente do normal. Comandado pelo “grande” Rodrigo Ruiz – não deixem de seguir o excelente trabalho dele no instagram @rodrigoruiz1 – as informações como red zone, áreas permitidas e proibidas deram lugar a como nós deveríamos redobrar a atenção durante à noite, tanto para percorrermos os caminhos até os pontos desejados como os cuidados ao transitar nos boxes, uma vez que teríamos box aberto durante toda a corrida.
Segui para as primeiras fotos na pista, ainda durante o dia, não apenas para fazer aquelas fotos mais tradicionais, mas também para fazer aquele reconhecimento dos caminhos pelos quais tería que passar no decorrer dos três dias de evento.
Para quem já viveu a experiência de fotografar no autódromo de Interlagos, tudo se torna um pouco mais fácil. Conhecer os caminhos e os “atalhos” para se chegar naquela curva desejada já facilita muito o trabalho e poupa uma longa caminhada.
Mas você pode estar se perguntando o motivo de passar pelos pontos que desejava fotografar fazendo um reconhecimento de um local que eu já conheço; mas isso é bem simples de responder.
Mesmo já conhecendo os caminhos, mudanças podem ter sido feitas; um portão que normalmente estaria aberto pode estar fechado, uma “janela” de foto pode ter sido extinta ou criada, por isso acredito ser essencial fazer um reconhecimento rápido e sempre aproveitando a caminhada para fazer algumas fotos.
Como vocês sabem, Interlagos possui o seu próprio “microclima” que nunca te decepciona. No mesmo dia enfrentamos calor e frio, sol escaldante, garoa e chuva forte, em um momento céu está claro, mas de repente tudo se escurece. Por isso nunca se esqueçam de levar os itens essenciais na sua mochila – protetor solar, capa de chuva, guarda-chuva, água e lanchinho porque você nunca sabe quando vai conseguir retornar para a sala de imprensa.
Tudo pronto! Primeiras fotos realizadas com sucesso, reconhecimento feito, testes realizados, fotos tratadas, postadas e enviadas. Chegou o dia e a hora da largada!
O início da Mil Milhas foi marcado para a zero hora – de sábado para domingo – com previsão de chegada para às 12:00 horas do domingo. Neste momento eu já estava acordado há algumas horas, o cansaço já começava a aparecer, mas a largada de uma corrida te desperta e leva embora qualquer sinal de sono.
Agora chegava a hora de colocar em prática todo o planejamento e testes realizados durante a semana e os dois primeiros dias de evento. Usar e abusar das baixas velocidades do obturador, utilizar grandes e pequenas aberturas, renunciar à profundidade de campo, fotografar com foco manual, usar e abusar da criatividade.
Foi uma experiência realmente incrível fotografar uma prova de automobilismo, no autódromo de Interlagos, durante à noite em uma prova de longa duração. Cheguei ao final da Mil Milhas com quase 30 horas seguidas sem dormir. Mas pude colocar em prática um pouco do meu conhecimento em fotografia e testar muitas ideias, mas confesso que ainda não cheguei ao resultado que desejo. Faltou pouco, mas sei que estou no caminho certo!
Você pode ver mais imagens acessando o portifólio pelo link GP DE SÃO PAULO MIL MILHAS ou pelo site FRAME OF
César Cruz
DRT/MTB 0090023/SP
Profissional filiado à ARFOC/SP
Profissional filiado à IFJ (International Federation of Journalists)
Profissional filiado à FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas)
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